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Pesquisa sobre segurança de mulheres em protestos na América Latina

Conduzida pela antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, “Amiga, chegou?” traz resultados de pesquisa qualitativa realizada com ativistas argentinas, brasileiras e chilenas

A ARTIGO 19, organização que atua pela defesa e promoção do direito à liberdade de expressão e manifestação e acesso à informação, acaba de lançar a publicação “Amiga, chegou? Cuidado e segurança de mulheres em protestos na América Latina”. Conduzido pela antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora de Desenvolvimento Internacional da University of Bath (Reino Unido), o documento traz os resultados de uma pesquisa qualitativa para identificar os principais desafios, riscos e vulnerabilidades que diferentes tipos de mulheres possuem em contextos de protestos e apontar as estratégias de cuidado que as ativistas têm desenvolvido para mitigar tais desafios.

Segundo o documento, a segurança das mulheres precisa ser pensada de forma holística, refletindo sobre os cuidados que envolvem o antes, o momento da manifestação, a volta pra casa e as violências que ainda seguem pós protestos. Deve-se discutir estratégias políticas transversais que encorajem as mulheres a ocupar as ruas; evitar perseguições, intimidações e ameaças da família, da comunidade, no transporte público e nas universidades; e proteger suas imagens de circularem de forma depreciativa e violenta em espaços virtuais, que se caracterizam por uma escalada de ataques a ativistas feministas. Além disso, essa segurança precisa ser elaborada de forma interseccional, para que seja capaz de atender às demandas e necessidades dos diferentes grupos de ativistas que protestam por seus direitos.

Por último, é fundamental destacar que, assim como a violência sexista é estrutural, as lutas também são. No entanto, ações de cuidado e produção de manuais, workshops e utensílios de proteção têm um papel importantíssimo na promoção do acolhimento e para dar sentido para as mulheres que se constroem na luta. “O cuidado feminista, mesmo que paliativo por solucionar problemas pontuais, é transformador por construir entre as mulheres uma relação de proteção que rompe com a lógica patriarcal”, explica Denise Dora, diretora-executiva da ARTIGO 19. “A medida protetiva para mulheres mais eficiente que existe é o próprio protesto. É nele que se luta para acabar com a lógica sexista, racista, heteronormativa e autoritária do patriarcado”, completa.

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