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Desmontando Cassandra encerra temporada no SESC-SENAC Pelourinho

A peça “Desmontando Cassandra” é resultado do Projeto de Pesquisa, Bolsa PQ1B/CNPq, da atriz e diretora Dinah Pereira, em um trabalho de adaptação do livro de Christa Wolf sobre a famosa personagem da mitologia grega. Na história original, Cassandra é agraciada com o dom da premonição, mas por recusar-se deitar com Apolo, é amaldiçoada com a descrença de suas visões. A temporada se encerra no Teatro SESC-SENAC Pelourinho nos dias 28, 29 e 30 de maio (terça, quarta e quinta-feira), às 19h. Com ingressos a 20 reais (inteira) e 10 reais (meia), o espetáculo é uma realização da Cia. Estupor de Teatro e Oco Teatro Laboratório.

No mito original, Apolo concede o dom da profecia à Cassandra, em troca de sua virgindade. Ela aceita num primeiro tempo, para logo depois se recusar, conduta que desencadeará a fúria do Deus Grego. Cassandra é, então, amaldiçoada: preservará o dom da profecia, mas de forma inútil, pois ninguém acreditará em suas predições. De que valem as palavras sem a credibilidade que lhes conferem força e legitimidade para mudar o mundo?

A peça fecha a trilogia Identidade e Gênero iniciada em 2015 e atualiza o mito de Cassandra, a partir de três personagens que, ao lerem o livro de Christa Wolf, desconstroem a sua história e relembram os acontecimentos que a acometeram. Alternando entre quem interpreta Cassandra e quem representa os outros personagens, as três atrizes em cena, Dinah Pereira, Bárbara Pontes e Milena Pitombo mostram o que Cassandra sucumbiu por ser mulher, relacionando sua tragédia com os tempos atuais. A peça ainda conta com trilha sonora executada ao vivo por Laila Rosa, com inserções de canções de artistas consagradas como Nina Simone, Beyoncé, Elza Soares, entre outras.

A temporada também promove ações de formação de público com a presença de alunos de escolas públicas, faculdades, estudantes de teatro e comunidades de Salvador para assistirem à peça, cujo objetivo é promover o debate sobre os temas retratados na história como o lugar do feminino hoje e o papel dos homens nesse processo. O projeto de mediação, liderado pela produtora cultural Poliana Bicalho, estende-se até o final da temporada e pretende continuar promovendo a aproximação do público ao teatro e do Centro Histórico de Salvador.

Segundo Dinah Pereira, o resultado da trilogia foi de muita satisfação. “Foi um trabalho árduo adaptar um texto clássico para que a deslegitimação do feminino se tornasse palatável ao público, mas as respostas foram muito positivas”. Para a pesquisadora, montar essa peça mostrou que o feminino é o que mais a interroga, tanto o feminino oprimido quanto o celebrado e sagrado.

Trilogia Identidade e Gênero –  Desmontando Cassandra é a última peça de uma trilogia sobre identidade e gênero que teve início em 2015 com a peça “X ou Y? Algumas Questões sobre Gênero” e ficou em cartaz no Palacete das Artes, durante os meses de novembro e dezembro de 2015. A segunda peça, intitulada “Histórias Delas: questões de gênero?” foi montada em maio de 2017, cumpriu temporada no Teatro do Movimento (Escola de Dança da UFBA) e foi convidado para participar do Festival Internacional de Teatro Latino Americano (FILTE), ambas, sob a direção de Dinah Pereira e Thiago Carvalho. 

Cia. Estupor de Teatro – A Cia. Estupor de Teatro foi fundada em 2003 por Dinah Pereira, pós-doutora em Dramaturgia, Carol Vieira, doutora em Educação e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Gil Teixeira, conhecido ator dos palcos baianos. A criação da Cia. se deu por conta do seu longo trabalho com opressão e memórias de vida, agregando o conceito de estupor enquanto uma interrupção da memória, da capacidade de narrar. Os últimos dez anos favoreceram o incremento de suas atividades, pois a Cia. se consolidou enquanto um núcleo de pesquisa em teatro, numa perspectiva teórico-prática, que envolve alunos da graduação e da pós-graduação em Artes Cênicas da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia.

Oco Teatro Laboratório – Criado em 2006, o grupo de teatro tem como objetivo procurar novas formas de expressão nas artes cênicas. Transita por espaços limítrofes das artes onde se confundem as manifestações artísticas. Com princípios de trabalho com a presença do ator, tem desenvolvido diversos projetos percorrendo cidades do Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa. O grupo desenvolve ainda o Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia (FilteBahia), o Núcleo de Laboratórios Teatrais do Nordeste (Nortea), a Revista Boca de Cena e as Coleções Dramaturgia Latino-Americana e Teoria Teatral Latino-Americana. 

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