Saúde

Tratamentos para ronco e apneia obstrutiva do sono oferecem qualidade de vida para quem não consegue dormir bem

Quase todo mundo conhece alguém que chama a atenção por seu ronco “barulhento”. Quem ronca ou convive com uma pessoa que emite ruídos provocados por estreitamento ou obstrução das vias respiratórias superiores durante o sono, normalmente, deseja se livrar do problema que, em muitos casos, pode vir acompanhado da síndrome da apneia obstrutiva do sono, uma interrupção da respiração que ocorre apenas quando se está dormindo. Tanto o ronco isolado quanto aquele ligado à apneia causam impactos negativos na qualidade de vida e no bem estar das pessoas acometidas por eles. A boa notícia é que existe uma ampla variedade de tratamentos disponíveis, com índices de sucesso cada vez maior. 

Sustos noturnos – A apneia do sono é o distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração enquanto dorme. O bloqueio das vias aéreas se dá pelo relaxamento dos tecidos da faringe e da base da língua, limitando a quantidade de ar que atinge os pulmões. Quando isso acontece, o paciente pode roncar alto ou causar ruídos sufocantes enquanto tenta respirar. Na tentativa de restabelecer a respiração, ocorrem diversos despertares assustados. “Ouvimos comumente relatos de pacientes que acordam com um salto ‘desesperado’ de quem esteve, ainda que por um breve período de tempo, sem respirar pelo nariz ou pela boca”, conta o otorrinolaringologista e diretor do INOOA, Dr. Otávio Marambaia.

Mesmo que os despertares sejam curtos, eles fragmentam e interrompem o ciclo do sono. “Essa fragmentação pode causar níveis significativos de fadiga e sonolência diurna, que são sintomas comuns da apneia do sono”, destaca o médico. Outros sinais do problema, além do ronco, são sensação de cansaço e dor de cabeça pela manhã; dificuldade de concentração; episódios de sono incontroláveis; perda de memória; diminuição do desejo sexual; irritabilidade; boca seca ao despertar e salivação excessiva, provavelmente devido à respiração oral; além de sono agitado e sudorese noturna, pelo aumento do esforço respiratório. Vale destacar que “devido a apneias repetidas e desequilíbrio do sistema nervoso autônomo, os pacientes têm maior risco de desenvolver aterosclerose, hipertensão arterial sistêmica, insuficiência coronariana, arritmias e acidente vascular encefálico”, afirma Dr. Otávio Marambaia.

Diagnóstico – Segundo o especialista, o exame mais eficaz para identificar a origem da apneia é a polissonografia que, no INOOA, é realizado no Laboratório do Sono por técnicos especializados. “Durante o exame, o comportamento do paciente durante o sono é avaliado e monitorado para se chegar a um diagnóstico. Para avaliar o padrão vigília/sono do paciente, sensores são colocados em determinados locais do seu corpo de forma superficial”, explica.

Através desses eletrodos, é possível fazer um registro simultâneo de diversas reações do organismo chamadas de eletrofisiológicas, tais como a atividade elétrica cerebral (eletro-encefalograma), movimento dos olhos (eletro-oculograma), atividade dos músculos (eletromiograma), frequência cardíaca, fluxo e esforço respiratório, oxigenação do sangue (oximetria), ronco e posição corpórea. O intuito é fazer um registro do sono habitual, espontâneo e não induzido por medicamentos. 

Prevenção – De acordo com Dr. Pablo Marambaia, também otorrinolaringologista e diretor do INOOA, algumas ações simples podem prevenir os roncos em determinados casos: evitar comida pesada antes de dormir, manter o peso corporal adequado, eliminar a ingestão de bebidas alcoólicas à noite, parar de fumar, praticar atividades físicas regularmente e ficar atento às melhores posições de dormir (de lado é sempre a melhor opção) bem como a altura do travesseiro. 

Além dessas, outras atitudes que podem colaborar com o tratamento da apneia do sono e proporcionar noites mais agradáveis e um descanso noturno realmente reparador são:  manter um horário constante para dormir e despertar; dormir pelo menos 7,5 horas por noite; evitar a privação de sono; evitar o uso de medicações tipo relaxante musculares, sedativos e bebidas cafeinadas antes de dormir; controlar as inflamações das vias aéreas (rinites, sinusites, amigdalites) e tratar o refluxo gástrico.

Tratamento – Além do tratamento conservador, realizado por medidas simples como as citadas acima, as principais opções de tratamento para a apneia de sono são a fonoterapia (exercícios orofaríngeos supervisionados por fonoaudióloga especializada em Medicina do sono, visando fortalecer a musculatura da via aérea superior), uso do aparelho CPAP (pequeno compressor de ar silencioso que gera e direciona um fluxo contínuo de ar, através de um tubo flexível, para uma máscara nasal ou nasobucal confortavelmente aderida à face do paciente); utilização de aparelhos intraorais de avanço mandibular ou dispositivos de retenção lingual e, em último caso, cirurgia. 

O tratamento cirúrgico tem como objetivo a modificação dos tecidos moles da faringe (palato, amígdalas, pilares amigdalianos e base da língua) ou  do esqueleto (maxila, mandíbula e hioide). Dependendo do problema anatômico a ser resolvido e da gravidade da doença, mais de uma modalidade cirúrgica pode ser utilizada de forma conjunta, num mesmo ato cirúrgico ou de forma sequencial, na medida em que alguns benefícios são alcançados. 

Ambulatório do Ronco e Apneia do Sono – Desde julho de 2015, o INOOA mantém o Ambulatório do Ronco e Apneia do Sono, que oferece diagnóstico e tratamento gratuito às pessoas desprovidas de assistência de saúde que sofrem de sintomas como ronco, apneia, sonolência diurna excessiva, engasgos ou asfixia durante o sono. A unidade, que funciona no bairro Cidadela (Rua Metódio Coelho, nº 55), em Salvador, é uma iniciativa da Associação de Fomento da Otorrinolaringologia da Bahia (FOB). Os atendimentos acontecem às segundas-feiras, a partir das 9 horas, e às quintas-feiras, com início às 14 horas. As marcações acontecem exclusivamente através do telefone (71) 3036-4884, no penúltimo dia útil de cada mês. 

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