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Questionamentos sobre o impacto nos pequenos municípios baianos

As avaliações sobre os impactos do COVID-19 na economia são ainda incalculáveis, pois estamos no início do pico de contágio e os dados ainda são difíceis de serem avaliados. Alguns indicadores, infelizmente, estão sendo omitidos pelo Governo Federal, como é o caso específico do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) da Secretaria do Trabalho/Ministério da Economia, que até o momento não disponibilizou os dados deste ano para verificação sobre a geração de empregos nos municípios brasileiros.

Outro dado não utilizado pela grande mídia é a constatação de que 88% dos municípios brasileiros têm uma população menor que 50 mil habitantes, onde moram 31% da população brasileira (IBGE2019). Os impactos na economia dos pequenos municípios não deverão ser na mesma proporção dos grandes, principalmente por conta da força do PIB (Produto Interno Bruto), garantido pelas transferências constitucionais para as Administrações Públicas, além da força dos programas sociais.

Mais especificamente na Bahia temos 92% dos municípios (383) mais pobres onde residem 52% da população baiana e 28% do PIB baiano. Determinados impactos econômicos poderão não ser sentidos tão rapidamente por eles terem na Administração Pública uma média de 35% do PIB (IBGE – Produto Interno Bruto de 2017), enquanto o Serviço e Comércio tem uma média de 34%, a Agropecuária com 13%, a Indústria com 12% e os Impostos com 6%. Outro dado interessante é que 70% dos municípios baianos o PIB dos Serviços e do Comércio é menor ou igual ao da Administração Pública.

Os outros 8% dos municípios (34) que detêm 72% do PIB Baiano têm dados totalmente diferentes, onde a Administração Pública representa apenas 12%, a Agropecuária 3%, os Impostos 14%, a Indústria 23% e os Serviços e Comércio com 48%.

Os 383 municípios mais pobres têm um PIB médio na Agropecuária de 13%, enquanto que a média total baiana é de apenas 6%. Os dados também são indicativos da necessidade de investimentos por parte das Prefeituras e do Governo do Estado, considerando a extensão territorial que tem a Bahia, na assistência técnica e em novos recursos fortalecendo principalmente a Agricultura Familiar, o que garantirá a economia local uma redução dos impactos da economia global na vida de mais da metade do povo baiano.

O discurso da crise imediata, por conta do COVID-19 e do isolamento social, realizado pela elite econômica e repetido de forma equivocada pelos pequenos e microempresários baianos, não encontra sustentação nos dados acima, nem na realidade da maioria dos municípios baianos, o que não deve ser diferente em outros Estados da Federação. Nosso maior problema é que 57% (em abril de 2020) das despesas do Governo Federal foram para pagamento de juros, encargos, amortização e refinanciamento da divida pública e a grande mídia não noticia.

Nesse caso: o pau que dá em Chico necessariamente não dará em Francisco.

Valmir Sampaio
Consultor

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