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Os quadrinhos de Carlos Zéfiro são tema de novo documentário de Silvio Tendler

A partir da década de 1950, quadrinhos eróticos assinados por um misterioso “Carlos Zéfiro” foram vendidos clandestinamente em bancas de jornal e fizeram muito sucesso por debaixo dos panos de uma sociedade predominantemente moralista. Apelidadas de “catecismos”, essas revistas foram responsáveis pela educação sexual de mais de uma geração, tendo sido publicadas por pelo menos duas décadas. O novo documentário do diretor Silvio Tendler (“A Alma Imoral”, 2019; “Jango”, 1984), “Em Busca de Carlos Zéfiro”, que estreia no canal Curta!, analisa a importância da obra de Zéfiro e mostra o autor por trás do pseudônimo — o pacato funcionário público Alcides Aguiar Caminha, morto em 1992.

Alcides, que só teve a identidade revelada em 1991, era um boêmio carioca, que completou o Ensino Médio aos 58 anos e se aposentou como funcionário do Ministério do Trabalho. O segredo de sua identidade foi guardado a sete chaves pelo mercado editorial e a notícia de que um homem “comum” era o responsável pelas revistinhas foi surpreendente. O jornalista Juca Kfouri, responsável pela revelação, é um dos entrevistados do filme, que também conta com depoimentos do cartunista Ota, do antropólogo Roberto DaMatta e do filósofo francês Dany-Robert Dufour, entre outros.  

A importância dos “catecismos” de Zéfiro se explica pelo contexto repressor da época: não havia aulas de educação sexual, a anatomia humana era um mistério para muitos e a comercialização de obras pornográficas era crime. Através dos seus traços inconfundíveis e de seu marcante estilo narrativo, o autor revelava um novo universo sexual, sensorial e corporal para jovens que não tinham outra fonte de aprendizado sobre o sexo.

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