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O efeito Dunning-Kruger e as redes sociais na atualidade, por Marcos Paiva

Para quem ainda não conhece, segue abaixo uma síntese sobre o que é o “efeito Dunning-Kruger”:

“O efeito Dunning-Kruger é um fenômeno que leva indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto a acreditarem saber mais que outros mais bem preparados, fazendo com que tomem decisões erradas e cheguem a resultados indevidos; é a sua incompetência que restringe sua capacidade de reconhecer os próprios erros. Essas pessoas sofrem de uma superioridade ilusória”.

“Em tempos sombrios de supervalorização das “opiniões” advindas das redes sociais, de surgimento de todo tipo de “especialistas de internet” e de questionamento da ciência e de conhecimentos consagrados historicamente pela humanidade, este tema, “efeito Dunning-Kruger” chamou-me a atenção.

Cabem aqui algumas reflexões: Fuja do “eu sei tudo” e procure sempre o caminho do “existe mais sobre esse assunto do que eu pensava”, sem preconceitos e com espírito livre na busca do conhecimento mais profundo e crítico. As redes sociais têm se constituído como espaço formador de opiniões, que levam, geralmente, a adoção de atitudes e comportamentos.

Logo, precisamos ter uma enorme responsabilidade no momento de compartilhar informações, opiniões e posicionamentos. Será que de fato ela é útil ao ponto de ser compartilhada? Será que meu posicionamento está enviesado? De fato, existe veracidade em tal conteúdo compartilhado? Será que sou especialista sobre tal assunto, ou estou sob o efeito Dunnig-Kruger?

Informação é uma coisa. Conhecimento é outra coisa completamente diferente, pois requer um aprofundamento muito maior sobre o fenômeno, seu delineamento, suas categorias, coloca-lo a prova através de métodos e metodologias. Seja o conhecimento “neutro” ou não, ele requer um exercício científico.

O que temos assistido nas redes sociais é, na sua amplitude, o compartilhamento de informações sob a forma de cards, memes, correntes de whatsapp, vídeos, áudios, entre outros, onde nem tudo é conhecimento cientificamente elaborado.

Seja o conhecimento “neutro” ou não, ele não pode cair no abismo do relativismo. Ou seja, podemos sim questionar a veracidade do conhecimento, mas, contestando-o através de métodos científicos. Ciência se questiona com a ciência, não com opiniões, não com “informações”, não com achismos.

Precisamos tomar um imenso cuidado com as bolhas algorítmicas, comuns às redes sociais. Quanto maior for à busca por informações sobre determinado conteúdo ou temática, maior será a bolha de informações que as redes sociais irá te limitar.

Bolhas tendem a levar ao aprofundamento sobre um mesmo tema, o que pode levar a ilusão das “certezas” sobre determinados assuntos (o que não quer dizer que você esteja certo).

Assista o documentário “O Dilema das Redes” para saber um pouco mais sobre bolhas algorítmicas. Tire suas próprias conclusões baseados em diálogos críticos, não enviesados.

O universo da comunicação virtual possibilita a abertura de espaços para perfis sem responsabilidade editorial. Ou seja, o conteúdo compartilhado não possui necessariamente a preocupação com a veracidade ou com a ciência, baseada em estudos, pesquisas, teses, entre outros.

Muitos perfis se escondem no anonimato, o que viabiliza a falta de responsabilidade, cabendo a nós procurar filtrar o quê é ético, correto, e o que possui relevância social. Logo, descartando o que não serve e compartilhando, se assim desejar, o que pode vir a ser útil e ajudar os outros usuários da internet.

Longe de julgar os outros, precisamos encarar as redes sociais como uma oportunidade de aprender mais. Temos diante de um acesso a abertura de toda uma “Biblioteca de Alexandria” de conhecimentos, sobre tudo, em diferentes formatos e no idioma que preferir!

Precisamos caminhar para a disseminação, através das redes sociais, da cultura em níveis capazes de produzir criticidade, fugindo assim do Efeito Dunning-Kruger. Para tanto, precisamos ter humildade, responsabilidade e reconhecer que não sabemos tudo.

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