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Miastenia grave dificulta ou impede manutenção das atividades laborais

Cirurgia robótica pode ser indicada como opção de tratamento da doença neuromuscular

Quando descobriu que tinha miastenia grave, Marilene Santana dos Santos (57) tinha 38 anos de idade e trabalhava como comerciante. Contudo, a fraqueza muscular nos membros superiores e inferiores, o excesso de fadiga, a disfagia e a visão dupla, entre outros sintomas, a obrigaram a parar de trabalhar, o que acontece com muitos pacientes acometidos por essa doença. Durante muito tempo, a comerciante foi tratada com medicamentos, mas há cerca de oito meses, ela passou por uma timectomia robótica, cirurgia assistida por robô para retirada do timo. 

“Fui operada numa sexta-feira à noite e no domingo de manhã já fui para casa. Não senti dor no pós-operatório. Considero que a cirurgia foi um sucesso. Me sinto bem melhor, embora ainda faça uso de medicações. A quantidade de remédios está, aos poucos, diminuindo. Como o cirurgião disse que o efeito da cirurgia é gradativo, acredito que vou melhorar ainda mais” relatou Marilene.

A miastenia grave é uma doença autoimune em que a comunicação entre os nervos e músculo é afetada, produzindo fraqueza muscular. Ela é mais comum entre mulheres jovens entre as idades de 20 e 40 anos, mas pode afetar homens e mulheres de qualquer idade. Segundo o cirurgião torácico Pedro Henrique Leite, os principais sintomas da miastenia grave são a ptose palpebral (pálpebra caída), diplopia (visão dupla), fraqueza muscular generalizada após esforço e dificuldade de deglutir. Em alguns casos, pode haver comprometimento dos músculos da respiração, causando falta de ar.  Em situações mais graves, a internação hospitalar para acesso à ventilação mecânica pode ser necessária. 

O diagnóstico é realizado através do relato do quadro clínico, exames de sangue que avaliam a dosagem de anticorpos específicos e eletroneuromiografia, exame que avalia a condução do impulso nervoso até a contração muscular. “A doença pode estar associada ao timoma, tumor do timo, órgão localizado na frente do coração. Por isso, é importante realizar também uma tomografia de tórax”, pontuou Pedro Henrique Leite.

Tratamento – Todo paciente portador de miastenia grave precisa ser assistido por um médico neurologista. O tratamento é definido a partir de uma série de critérios, como a intensidade e localização dos sintomas, idade do início da doença e pesquisa de anticorpos específicos. Em linhas gerais, o uso de medicamentos é a primeira linha de tratamento e inclui medicações que atuam na transmissão do impulso nervoso e corticoide, associado ou não a medicações imunossupressoras que inibem o sistema imunológico. A cirurgia para retirada do timo é uma opção de tratamento, principalmente nos casos de miastenia generalizada. “A retirada do timo promove um melhor controle da doença e reduz a necessidade do uso de medicamentos, diminuindo os efeitos colaterais do corticoide e imunossupressores. O uso crônico de corticoides pode levar ao ganho de peso, elevação dos níveis de açúcar no sangue, hipertensão e osteoporose”, frisou o cirurgião torácico Pedro Henrique Leite.

Especialista em cirurgia torácica oncológica e minimamente invasiva e em cirurgia torácica robótica, o especialista conta que, no passado, a timectomia era realizada através de uma incisão no pescoço ou até mesmo através da abertura completa do osso esterno. “No entanto, atualmente, dispomos da cirurgia robótica, modalidade cirúrgica minimamente invasiva avançada, realizada através de pequenos orifícios na parede torácica, com auxílio de uma câmera de vídeo. A plataforma robótica proporciona ao cirurgião uma visão mais ampliada e em 3D, superior à imagem da videocirurgia. Além disso, os movimentos das pinças são mais amplos e precisos”, destacou Pedro Henrique Leite. Esses diferenciais tornam a cirurgia mais segura e  eficiente, já que a recuperação pós-operatória é mais rápida e o período de internação hospitalar é mais curto. Os riscos de sangramento e as dores também são menores.

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