Saúde

Métodos contraceptivos que vão além de prevenir a gravidez

Muito se fala sobre contraceptivos, mas as dúvidas sobre o tema existem na mesma proporção. São vários tipos, e saber qual é o mais indicado requer exame e muita expertise do especialista, que deve estar sempre atento às pesquisas e lançamentos da indústria farmacêutica. Os mais conhecidos são as pílulas, DIU e  preservativos (masculinos e femininos).

Atualmente muito se fala do “Chip da Beleza”, que também tem sido indicado como contraceptivo, porém a Dra. Fernanda Torras, ginecologista, obstetra e mastologista, alerta que ainda não existe reconhecimento da eficácia desse implante para evitar a gravidez: “Os implantes de Gestrinona difundidos atualmente, não tem objetivo concreto para anticoncepção, variando de mulher a mulher a dose necessária e segura para garantir contracepção. Portanto, não há reconhecimento destes como implantes contraceptivos”. O único implante para contracepção reconhecido, comercializado e com alta taxa de eficácia é o implante de Etonogestrel (Implanon), uma progesterona de liberação contínua por 3 anos. Apesar de também ser um implante, ele não deve ser confundido com o “chip da beleza”, pois não oferece resultados como ganho de massa muscular e redução de celulite, por exemplo.

Entre as mulheres, as pílulas anticoncepcionais são as mais usadas devido sua facilidade e disponibilidade, porém a grande variedade de classificações causa muita confusão e podem acarretar malefícios caso não seja bem prescritas. De acordo com a Dra Fernanda: “Existem muitos tipos de mulheres e cada uma com seu organismo, por isso é importante ter uma gama de medicamentos que se adequem a cada um. Por exemplo, uma mulher que apresenta risco de trombose, não poderá usar pílulas combinadas pois o estrogênio aumenta seu risco, mas poderá usar um DIU Mirena, um implante só com progesterona ou um injetável e progesterona”, esclarece.

No entanto, ela diz que os mais eficazes são os LArcs (Métodos contraceptivos de Longa duração reversíveis), pois não há risco de falhas por esquecimento, como frequentemente acontece com os anticoncepcionais, e também não sofrem influência de medicações em uso concomitantes.

Nesse método estã inclusos os DIUs não hormonais ( Cobre e Prata) ou Homonal de liberação de Progesterona (Mirena) e o Implante de Progesterona (Implanon),  todos com finalidade contraceptiva de longo prazo e reversíveis, mas a forma de ação diferentes: “DIU Mirena, ou hormonal, é um dispositivo intra-uterino de liberação de Levonorgestrel, uma progesterona que, de acordo com efeitos intra e peri-uterinos, altera o muco cervical, impedindo a fecundação nas trompas,  e implantação de óvulo fecundado no útero.”. Já o DIU de cobre ou prata causa um processo inflamatório (controlado e esperado) através da liberação de sais desses metais: “Esse processo inflamatório local intra-uterino, modifica a contração das tubas e impede que os espermatozoides sobrevivam, dificultando a gravidez”, diz. Já o Implanon libera Etonorgestrel em baixas doses diárias, com a finalidade de bloquear ovários, alterar muco cervical, alterar motilidade de trompas e impedir gestação com a menor taxa de falha entre todos os métodos.

Os métodos podem ser indicados para fins que vão além da contracepção: “A diferença para a indicação dos métodos depende do perfil da mulher, o que deseja em facilidade de tomadas, dificuldades em lembrar pílulas, uso concomitante de medicamentos que possam interagir com as pilulas e reduzir eficácia, desejo de  menstruação ou bloqueio desta e objetivo em tratar doenças em paralelo. Por exemplo, o DIU de Cobre pode aumentar o fluxo menstrual e as cólicas todo mês. Já o Implanon e Mirena tem a tendência em amenorreia , que é a parada da menstruação durante os 3 ou 5 anos de uso. Para aliar ao tratamento de endometriose, por exemplo, usamos o Mirena ou Implante, que além de controlar a endometriose, faz anticoncepção”, explica.

Mas o importante é que, independente da finalidade, o médico seja sempre consultado para que haja uma avaliação completa da paciente. Esse acompanhamento é essencial desde a primeira menstruação. A primeira consulta ginecológica é de extrema importância para que muitas dúvidas sejam esclarecidas, especialmente quando a adolescente esta se preparando para iniciar sua vida sexual. É comum que as jovens conversem somente com amigas sobre esse assunto e comecem a tomar anticoncepcionais por contra própria, sem que a família tenha conhecimento e possa encaminhar para o especialista: “Há riscos na auto-medicação, pois a adolescente pode usar método que traz prejuízos como cefaleias, náuseas, alterações no colesterol, alterações hepáticas, além de métodos que, quando não usados corretamente, tem alto índice de falhas. O método anticoncepcional deve ser individualizado, após avaliação de especialista, exame clínico e histórico pessoal e familiar, além de ser fundamental a explicação por parte do especialista de como utiliza-lo

E para as mulheres que ainda temem ter dificuldade em engravidar após a utilização prolongada de pílula ou DIU, Dra. Fernanda avisa: “É mito.  Nenhum contraceptivo tem o poder de causar infertilidade definitiva. De acordo com o uso de alguns métodos, quando usados por longo período, dependendo da ação (por exemplo pílulas que inibem ovulação ou hormônios que causam atrofia-afinamento da camada do útero que descama e recebe o óvulo fecundado), pode haver maior tempo para recuperação do organismo em retomar a fertilidade, mas nunca dano definitivo”, afirma.

Sobre Dra. Fernanda Torras

Formada há 12 anos em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, cursou 5 anos de Residência Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde se especializou em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia.

Possui os Títulos de Especialista em  Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e de Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia. Dra. Fernanda Torras é uma equipe multidisciplinar em uma só pessoa.

Aos 35 anos, se tornou referência em saúde da mulher graças ao vasto conhecimento e experiência que adquiriu ao longo da carreira. Além disso, é mãe e tem uma forma simples e assertiva de explicar, inclusive, questões mais delicadas. Essa linguagem cria uma conexão com adolescentes e jovens mulheres, que compõe grande parte das pacientes de seu consultório – faixa etária que frequentemente negligencia visitas médicas de rotina.

Durante sua trajetória, atuou em hospitais como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, um dos maiores da América Latina, onde pôde vivenciar diversos tipos de casos rotina médica, tanto do aspecto clínico, quanto humano. O tempo de prática em centros médicos de referência aguçou ainda mais seu senso de responsabilidade e empatia com as mulheres, valores que carrega de forma intrínseca em seu caráter, mas sempre se pautando pela ética.

Atualmente, Dra. Fernanda também é muito requisitada pelas redes sociais. Com mais de 10 mil seguidores em seu perfil de Instagram, leva diariamente informações de forma descomplicadas às pessoas sobre temas que, mesmo muito disseminados, ainda geram diversas dúvidas: gravidez, contraceptivos, câncer, implantes hormonais, entre vários outros.

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