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Especialistas alertam sobre riscos de aulas presenciais na pandemia

Profissionais da saúde alertam que cenário da pandemia no país ainda impede uma retomada de atividades presenciais.

A decisão de propor o reinício das aulas presenciais em alguns estados e redes em todo país, confirma a visões de especialistas que apontam que o momento atual da pandemia do novo Coronavírus não é favorável para uma retomada das atividades nas escolas.

Santa Catarina, confirmou a possiblidade de começar a discutir esta pauta no mês de outubro, uma vez que nas redes municipais já tinham forte encaminhamento para que a suspensão das aulas presenciais se mantivesse por pelo menos mais um mês. 

A presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Santa Catarina (Undime-SC), Patrícia Lueders, afirma que o cenário atual da saúde no Estado torna difícil imaginar qualquer retomada de atividades presenciais neste momento.

Em Blumenau, cidade onde atua como secretária, o município já havia adiado o retorno das aulas presenciais por tempo indeterminado, uma vez que alguns protocolos envolvendo inclusive Vigilância sanitária e Epidemiológica precisam ser elaborados.

Ela afirma que no início da pandemia do novo Coronavírus a pressão de pais era grande, mas que aos poucos esse movimento mudou e que agora muitos pais preferem que as atividades presenciais não retornem.

A dirigente considera cedo para avaliar se será possível retomar as aulas presenciais ainda este ano, e diz que a avaliação é mês a mês. “Os pais nesse momento estão com preocupação de que seu filho tenha segurança, e não de quando as aulas vão voltar”, afirma a dirigente. 

O coordenador estadual do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de SC (Sinte-SC), Luiz Carlos Vieira, engrossa o coro dos que rejeitam uma volta neste momento em que a pandemia ainda está em alta no Estado.  

“Esse não é o momento para retornar. SC vive momento gravíssimo e a educação não pode ser esse agravante no contágio da covid-19. Esse é momento que as redes têm para se prepararem para quando tivermos a garantia de saúde e de vida para todos, retornarmos, com todos os cuidados”, avalia. 

Especialistas da área da saúde apontam que um possível retorno das aulas presenciais em setembro seria uma medida equivocada. 

O professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC, Fabrício Menegon, afirma que o Estado ainda tem uma taxa de transmissão do vírus elevada para projetar um retorno. 

– Não existem condições adequadas para o retorno presencial neste momento. O cenário epidemiológico é desfavorável para qualquer atividade que envolva aglomeração de pessoas, mesmo que haja restrições de acúmulo de estudantes dentro das salas, ocupação menor. Por um motivo simples: a dinâmica do contágio leva em consideração o contato entre as pessoas – avalia. 

O especialista alerta que as escolas são locais com muita movimentação de alunos, professores e pais que levam e buscam os estudantes, e que isso representa risco para as famílias. 

– As crianças, nesse trânsito de sair de casa e ir à escola, podem trazer o vírus para casa, contagiar adultos, principalmente os do grupo de risco, e aí você tem um cenário nada favorável, com possibilidade real de que o adulto fique doente e evolua para forma grave. 

Segundo ele, mesmo com as medidas que escolas da rede particular defendem para retomar as aulas já neste momento, o retorno não seria seguro. 

– Até o fim do ano o Estado não reúne condições necessárias para voltar com segurança. Já está mais do que claro isso, pelo cenário epidemiológico, que piorou muito em SC nas últimas seis semanas – sustenta.

A médica infectologista Sabrina Sabino, de Blumenau, diz que uma possível volta das aulas presenciais pode causar um “boom” de casos de covid-19 em crianças. Por isso, é preciso saber se há organização para atender esses casos com equipes médicas e disponibilidade de leitos de UTI pediátrica, por exemplo. Pontos que não costumam ser muito discutidos no planejamento da retomada. 

– No início da pandemia achávamos que estava tudo bem, que as crianças eram apenas transmissores, mas agora sabemos que podemos ter doença mais grave nas crianças também. Quanto mais as preservarmos nesse momento, mais adequado vai ser – aponta.

Ela afirma que voltar a fazer as crianças irem para a escola vai colocá-las novamente no transporte público, em circulação com outros alunos e, consequentemente, em exposição para o vírus. 

– Todo mundo já se adaptou à situação atual. Sabemos das dificuldades das escolas públicas e particulares, mas não é o momento para uma retomada – defende. 

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