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Especialista destaca o adoecimento emocional de estudantes na era digital

Ansiedade, insônia e sobrecarga de demandas

Esses são os sintomas mais frequentes na rotina do aluno do 5º semestre de jornalismo, Cristian Pereira, 21. Com a paralisação das atividades presenciais na faculdade — consequência da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) — e a adaptação das aulas e rotinas de estudo para ambientes virtuais, Cristian revela que sua saúde emocional piorou, sobretudo com a chegada de um método de ensino novo e repentino.

“É muito complicado lidar com essa situação que o Brasil e o mundo estão vivendo, e ainda ter que conciliar o ensino digital inesperado. Esse acúmulo de coisas tem me afetado de uma maneira muito forte, minha ansiedade foi multiplicada, tenho dificuldade para dormir e quase sempre troco o dia pela noite. É uma situação desesperadora e a cada dia piora”, relata o estudante.

Morador do bairro de Pirajá, Cristian faz parte do conglomerado de alunos que acompanharam a migração do presencial para o virtual pelas instituições de ensino superior privadas. Fenômeno nacional, 78% das faculdades privadas readaptaram o modelo de ensino, exercícios e atividades avaliativas dos cursos para o ambiente digital, segundo o levantamento da Educa Insights, divulgado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

Para o psicólogo do Instituto Baiano de Análise do Comportamento (IBAAC), Rodrigo Pinto Guimarães, a saúde emocional dos alunos está sendo colocada à prova com essa mudança repentina e com a necessidade de rápida adaptação aos meios virtuais de aprendizagem. Ansiedade, medo, dificuldade de concentração são alguns produtos emocionais desta mudança.

“Os impasses de aprender e se readaptar velozmente a um modelo ao qual estão desacostumados, gera um mal-estar psicológico nos alunos. Essa sensação é potencializada pela alta quantidade de demandas, falta de interação interpessoal e a instabilidade do momento, gerando adoecimento emocional”, alega.

A influência das tecnologias no quadro atual dos estudantes, conforme avaliado pela diretora da ARUNA Marketing, Priscyla Caldas, também não pode ser descartada. A profissional explica que a agilidade do mundo virtual, uso exagerado das tecnologias e a ausência de interação ou contato social são algumas desvantagens que a digitalização trouxe para os jovens.

“A exposição de informações na era digital que chegam e se desintegram em questão de segundos exige muito dinamismo e critério por parte dos estudantes, e isso faz aumentar consideravelmente o padrão das atividades. Ao fim do dia, o estudante se encontra cansado após tantas pesquisas e ansioso pelas tarefas computadas que ainda não conseguiu lidar. A agilidade da era digital acaba sendo cansativa, se avaliado nessa perspectiva”, explica.

Segundo o levantamento “How Much Information?”, realizado pela Universidade de Berkeley — EUA, um indivíduo comum passa mais de 11 horas por dia consumindo informação, o que equivale a aproximadamente 34 gigabytes de dados recebidos, ou 100 mil palavras diárias lidas ou escutadas. Além da sobrecarga de informações, Priscyla atenta para outra consequência da era digital nos estudantes: o uso excessivo de aparelhos e serviços digitais.

“Não devemos nos ater apenas às telas e teclados para o ensino. É preciso unificar a realização das atividades digitais com a rotina, estabelecendo um equilíbrio. Exercícios ‘extracurriculares’ devem ser pensados para que o estudante possa extravasar, criar, cortar, colar, pintar e desenvolver de maneira mais leve, saindo um pouco do ambiente tecnológico.”, elucida.

A frente da ARUNA Marketing, Priscyla revela que a ausência do contato ainda é a principal dificuldade da digitalização, mesmo diante de tentativas para solucionar esse cenário, como o surgimento das videoconferências que simulam salas de aula. “A ausência da interação presencial pode fazer com que as pessoas se acostumem com uma relação distante, acreditando que ela seja natural.

O digital vem para aproximar as pessoas e não para afastá-las, ainda que possua suas limitações. Após a crise, as instituições de ensino já podem planejar estrategicamente uma união mais saudável entre o digital e o presencial. As tecnologias estão aí para facilitar o aprendizado e não para dificultar a rotina dos estudantes”, conclui.

Para mais informações sobre as vantagens e desvantagens da era digital, acesse www.arunamarketing.com.br.

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