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Do tiki-taka ao TikTok, como cresce uma torcida no mundo do futebol

Por Sergio du Bocage, apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil

As influências que vêm de dentro e de fora do campo de jogo

Dois rankings publicados pelo Ibope Repucom chamaram minha atenção. Ambos voltados para os clubes de futebol. O primeiro, que inclusive foi abordado aqui na Agência Brasil, fala da quantidade de torcedores mistos no Brasil (aqueles que dizem torcer por mais de um time de futebol) e o segundo trata da participação dos clubes numa nova plataforma digital, o TikTok.

E o que uma coisa tem a ver com outra? Vamos chegar lá. A pesquisa sobre o torcedor misto reforça a tese de que os grandes times do Sudeste dividem o coração do torcedor de outras regiões, em especial Norte e Nordeste. No Sul, principalmente no Rio Grande, Grêmio e Internacional, com apenas 14% de simpatizantes, comprovam a força que têm na região, pois 86% de seus torcedores escolheram um ou outro como primeira opção (são os maiores índices da pesquisa).

Flamengo e Corinthians, nessa ordem, lideram, com o Rubro-Negro registrando 81% na primeira opção do torcedor e 19% de simpatizantes, contra 82% e 18%, respectivamente, do Timão. Apenas como curiosidade, os outros oito principais clubes do país apresentam mais de 20% de simpatizantes: Vasco (21%), São Paulo (23%), Cruzeiro (24%), Palmeiras (25%), Atlético-MG (26%), Santos (34%), Fluminense (41%) e Botafogo (45%). Dos que surgem nos últimos anos como exemplos de boas administrações, o Athletico-PR tem 35% de simpatizantes, o Bahia, 44% e o Fortaleza, 46%.

São números interessantes porque indicam qual percentual, dentro da massa torcedora, estaria mais disposto a consumir os produtos que os clubes oferecem. Dentro dos limites mínimo e máximo entre os 12 grandes, quem tem mais possibilidade de faturar com licenciamento? A dupla Gre-Nal, com 86% de torcedores na primeira opção, ou o Botafogo, com 55%?

A maior parte dos torcedores mistos está na faixa etária acima dos 35 anos. E um fator que não aparece de forma explícita nesta pesquisa, mas que foi destacado por outra, de 2016, é que 72% dos jovens usuários de internet disseram ser simpatizantes de clubes europeus. Seja pelo games, mas também pela qualidade do futebol de lá, que passou a chamar mais a atenção quando o Barcelona de Messi, do famoso tiki-taka, ganhou tudo o que podia. Um esquema de jogo que ainda garantiu aos espanhóis a conquista da Copa do Mundo de 2010.

Qual a tendência no futuro, considerando, inclusive, que já estamos em 2020, quatro anos depois da pesquisa citada há pouco? Os clubes precisam combater essa invasão europeia e voltar a dividir o coração do torcedor dentro do país. O diretor-executivo do Ibope Repucom, José Colagrossi, deu o recado em postagem no Twitter: “TikTok cresce muito no futebol brasileiro, e a partir de junho o adicionaremos ao nosso ranking digital. Os clubes que ainda não adotaram a plataforma deveriam fazê-lo, pois atrai muitos torcedores jovens”.

Ora, se os jovens vão à internet, e através dela se deixam levar pelos europeus, que os times brasileiros contra-ataquem na mesma moeda. Para quem não conhece, o aplicativo é um fenômeno mundial, adotado por empresas em todo o mundo. O foco do app é a produção de pequenos vídeos, de até 15 segundos, e em menos de dois anos de existência ele já registrou mais de um bilhão de downloads. O TikTok é mais popular entre os jovens até 25 anos, ou seja, o torcedor do futuro, e 15 clubes no país já têm perfis na plataforma, quatro deles nordestinos.

No próximo ranking digital de clubes, o Ibope vai somar números do Facebook, do Twitter, do Instagram, do Youtube e, agora, do TikTok. Entre os torcedores, 1,632 milhão já seguem os clubes na plataforma, e o Flamengo, com 944,4 mil, lidera com folga. O Corinthians, em segundo lugar, vem com 234,8 mil seguidores (dados divulgados dia 18 de maio). São Paulo, Cruzeiro, Vasco, Sport, Athletico-PR, Santos, Avaí, Ceará, Guarani, Chapecoense, Fortaleza, Fluminense e CRB são os outros, pela ordem de seguidores, que compõem o ranking nacional.

O futebol começou a voltar seus olhos para a nata da Geração Z, de 16 a 24 anos. Quem não se atualizar, está perdendo tempo e, no futuro, torcedor.

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