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Dificuldade de acesso às linhas de crédito compromete a economia do Estado

“A burocracia na aprovação do crédito tem inviabilizando a sua efetividade”, explica consultor especialista em finanças

Dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia revelam que apenas no primeiro mês de pandemia, 762 empresas fecharam as portas no estado. A dificuldade de acesso ao crédito, seja pelas linhas disponibilizadas pelo Governo Federal, seja por instituições financeiras privadas, têm afetado a dinâmica econômica de micro e pequenas empresas na Bahia e no resto do país. Uma pesquisa feita pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, divulgada na última semana, mostra que apenas 16% das pequenas empresas que procuram crédito junto aos bancos durante a pandemia, conseguiram. Dos 6,7 milhões de empreendedores de pequeno porte que tentaram, apenas 1 milhão conseguiu obter crédito desde o início das medidas de isolamento social. A pesquisa da FGV e Sebrae aponta que CPF com restrições, negativação no CADIN/Serasa e falta de garantia ou avalistas são alguns dos principais obstáculos para o acesso ao crédito nos bancos.

As informações, apontam especialistas, sugerem um agravamento no cenário de desigualdade social alarmante no país. O acesso ao crédito pode se esbarrar no alto nível de exigência que entidades financeiras e programas lançados pelo governo determinam para a liberação, acredita o administrador, consultor, especialista em finanças e Gerente de Negócios do Grupo APURE, André Luengo Felipe. Para ele, as propostas de crédito apresentadas pelo governo são benéficas, mas precisam ser flexíveis: “As propostas das linhas de crédito são promissoras, entretanto, a burocracia na aprovação do crédito tem inviabilizando a sua efetividade. As linhas só vão ajudar os micros e pequenos empreendedores quando, de fato, for flexibilizado as exigências para aprovação e concessão do crédito”.

Diante da dificuldade do acesso às linhas do Governo Federal, recorrer a bancos acaba se tornando uma alternativa para micro e pequenos empresários. Mas isso também pode custar caro. No artigo “A (in)acessibilidade das linhas de crédito para micro e pequenos empresários no cenário da pandemia do novo Coronavírus”, assinado por André Luengo e pela advogada especialista em Direito Civil, Empresarial e Compliance, Ana Paula Ribeiro Serra e publicado no jornal Estadão, a dupla alerta que “na corrida contra o tempo, as empresas que não conseguem se enquadrar nos critérios para receber essa linha de crédito acabam partindo para os empréstimos em bancos nos quais já possuem um relacionamento, aceitando taxas maiores entre 15% a 20% ao ano”. Para Ana Paula Serra e André Luengo, “a medida que se mostra mais eficaz seria o gerenciamento e a disponibilização das linhas de crédito pelo próprio governo federal (ou, exclusivamente, pelas instituições públicas), como forma de inviabilizar a obtenção dos lucros por parte dos bancos privados”.

ECONOMIA COMPROMETIDA

Para eles, a inacessibilidade ao crédito compromete a economia do estado, já que, sem o auxílio, fechar as portas pode ser a única alternativa: “O reflexo disso é o aumento do desemprego e redução da circulação de renda no estado. Dados emitidos pelo Sebrae apontam que 86% dos pequenos negócios foram impactados com a pandemia da Covid-19, e 43% das empresas estão sem operar. Esses dados demonstram que a conjuntura atual é muito desfavorável e inviabiliza a manutenção da saúde financeira das atividades empresariais”. Isso afeta também o recolhimento de tributos, explica o especialista: “Esses dados registram também que a Bahia deixou de faturar mais de R$2 milhões de reais do recolhimento de tributo ICMS por conta pandemia. No setor da indústria, prevê que o PIB do estado feche o ano de 2020 em queda de 6,4%. No setor do turismo, não é muito diferente. A Bahia, por ser um estado turístico, sofreu bastante com a taxa de ocupação na rede de hotelaria”.

A ADAPTAÇÃO TEM SIDO UMA ALTERNATIVA PARA DRIBLAR A CRISE

A pesquisa do SEBRAE e FGV aponta que entre as mudanças adotadas neste período, está uma elevação significativa do número de empresas que passaram a usar as redes sociais, aplicativos ou internet para realizar vendas. Whatsapp é o principal meio de venda pelas redes sociais, seguido pelo Instagram e pelo Facebook, revela o estudo.

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