CidadesSão Miguel das MatasVale do Jiquiriçá

Conheça um pouco da história de São Miguel das Matas

Texto de Magno Bastos (Criativa On Line) baseado no livro de Ismar Vilas Boas (São Miguel das Matas)

O município de São Miguel das Matas está localizado no Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, limitando-se com os municípios de Laje (ao Sul), Amargosa e Elísio Medrado (ao Norte), Varzedo (ao leste) e Santo Antonio de Jesus (ao oeste), tendo população estimada em 2021 de 11.733 habitantes e uma densidade demográfica de 48,57 hab/km², segundo projeção do IBGE de 2010.

A sede municipal está a uma altitude média de 293m ao nível do mar, possui as coordenadas geográficas de 13° 03’ de latitude sul e 29° 28’ de longitude oeste, com área de 207,45 km². A sede do município fica a uma distância de 229 km da Capital, cujo acesso se faz por pelas vias BR 116 e 324, pela BA 046 via Santo Antonio de Jesus – ferry-boat – Bom Despacho.
O Município de São Miguel das Matas está localizado na Microrregião Homogênea de Jequié, na Região de Planejamento do Paraguaçu, faz parte da região administrativa de Amargosa, bem como da região territorial do Vale do Jiquiriçá.


Entroncamento de São Miguel das Matas:

Arquivo – Criativa On Line

Possui relevo formado por tabuleiros pré-litorâneos e o tipo climático é de úmido a subúmido, com temperatura média de 23,4°C que varia entre 28,6°C e 19,6°C. O período chuvoso é entre abril e junho tendo uma pluviosidade anual mínima de 360 mm, média de 989 mm e máxima de 1579 mm com tem risco de seca média.

No seu relevo existe a predominância dos Tabuleiros Pré-litorâneos e interioranos, constituídos de Dobramentos, sendo a Serra da Jibóia e a serra do Cruzeiro, seus principais acidentes Geográficos. Os Tabuleiros Pré-litorâneos fazem parte da região dos Planaltos Rebaixados e os Tabuleiros Interioranos correspondem à unidade das regiões dos Baixos planaltos. As variadas formas e os diversos níveis de resistência são resultantes da ação das forças endógenas (tectonismo) e exógenas (erosão e alteração climatogenética). A ocupação humana nas zonas urbana e rural, com o nivelamento da topografia, para a criação de mais espaços para a construção de habitações e/ou plantio nas elevações, encostas e outras áreas bioticamente frágeis, vem transformando a paisagem local .

Os tipos de solos encontrados são: latossolo amarelo álico, latossolo vermelho-amarelo distrófico, podzólico vermelho-amarelo distrófico, tendo aptidão para lavouras. Mandioca, cacau, fumo, cana-de-açúcar e laranja predominam nas lavouras da região. Bovinos e suínos são os principais rebanhos.

Sua hidrografia é formada pelas bacias hidrográficas do Jiquiriçá, e do Rio da Dona, sendo os rios principais: Rio Riachão, Rio da Dona, Riacho das Pedras e Rio Preto. A vegetação original predominante é formada por floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual.

Região de longa História no país no que diz respeito à utilização do solo como meio para geração de riquezas. As práticas de produção agrícolas aqui implantadas desde a colonização nunca levaram em consideração a possibilidade de degradação que posteriormente viria acontecer, tendo em vista o modelo de desenvolvimento adotado pelos agricultores até os dias atuais. 

Os principais povoados e localidades do município são: Arco Verde, Sapucaia, Nossa Senhora de Fátima, Comum do Machado, Areia Fina, Sucupira, Barra, Riachão (1, 2 e 3), Riacho das Bananeiras, Rio Preto, Moenda Seca, Macuca, Rio Vermelho, Biaçá, Cabeça do Boi, Pedreiras, Entroncamento, Liberdade, Muquiba, Gendiba e Dourado.


Antiga Estação Férrea:

Reprodução

Em 1557, D. João III doou a D. Álvaro da Costa, filho do então Governador Geral do Brasil D. Duarte da Costa, “as terras que então se achavam incultas e não povoadas, entre os dois rios do braço do mar: Jaguaripe e Paraguaçu, em 4 léguas de costa na largura e de comprimento, 10 léguas para o sertão e pelos ditos rios acima, que fica tudo em distancia de 15 e 16 léguas dessa cidade (Salvador) que lhe passou carta em 16 de janeiro de 1557”. Analisando geograficamente essa faixa de terra, entende-se que as atuais terras do município de São Miguel das Matas localizam-se dentro dessa dimensão.

Na segunda metade do século XVII o rei de Portugal, através de Carta Régia mandou que se criasse no fundo da Vila de Maragogipe a Vila de Jaguaripe, no mesmo local da Freguesia de Nossa Senhora D’Ajuda que já existia desde o ano de 1613, passando a ser considerada Vila somente 80 anos mais tarde, em 27 de dezembro de 1693. A Vila de Jaguaripe, a primeira do Recôncavo Baiano, tinha como objetivo combater os “ladrões e assassinos” que atormentavam a região. Nos limites mais distantes da vila supracitada, ano depois surgiria a Vila de São Miguel da Aldeia. 

A denominação do nome Vila de São Miguel da Aldeia está ligado à visita de um “caboclo” que passara pela região pedindo ajuda para festejar o Santo São Miguel Arcanjo, na Vila de Jaguaripe. Por ser uma pessoa desconhecida, os moradores da Vila não ofertaram suas ajudas, sugerindo que o “Caboclo” retornasse à sua Vila e trouxesse a imagem do referido santo, a fim de que pudesse confirmar a veracidade da “promessa”. Durante o retorno à Vila de Jaguaripe, o “Caboclo” foi acometido do vírus da varíola, o que o levou a óbito.


Igreja Matriz em 1957:

Igreja Matriz de São Miguel das Matas
Arquivo Histórico – Ano: 1957

Imagem de São Miguel Arcanjo:

Arquivo | Criativa On Line

A partir desse fato o “lugarejo” passou a ser chamado de São Miguel da Aldeia, a partir de 1765, São Miguel em referencia ao Arcanjo Miguel e Aldeias em referencia as leis de proteção às Aldeias. As primeiras casas, sedes de fazendas, localizavam-se na antiga Rua de Telha, onde hoje localiza-se o Clube Social, outras se localizavam próximo a estação ferroviária e na entrada principal da cidade, hoje chamado baixa de areia. Existem também, referências de um casarão situado ao lado de onde hoje é a Igreja Matriz.

Em decorrência de uma grande epidemia de varíola que assolou a pequena Vila de São Miguel da Aldeia, na década de 1790, deixando grande número de mortos. Os moradores das Fazendas da Baixinha, conhecida como triângulo, fizeram uma promessa a São Roque, protetor das pestes, construindo posteriormente, em 1802, uma pequena Capela em frente ao local onde fora enterrados os óbitos, que a partir do fim da peste passou a ser o principal local das celebrações religiosas realizadas pelos Padres Franciscanos de Acaju ou Cajueiro. Os Franciscanos utilizavam-se de sermões educativos sobre o modo de plantar, de colher e de beneficiar o cultivo do café, bem como distribuíam sementes aos colonos miguelenses. 

Com o desenvolvimento da cultura da mandioca, do café, da cana-de-açúcar, do fumo e da criação de gado, o lugarejo se desenvolvia com pequenas casas comerciais e algumas moradias em torno da Capela de São Roque, fatos que influenciaram a coroa portuguesa a elevar de Vila a Freguesia de São Miguel da Aldeia, ato feito através de Alvará de 24 de novembro de 1823, quando o Imperador D. Pedro I cria a primeira Freguesia do Império. O arraial de Nova Laje passou a fazer parte da Freguesia de São Miguel da Aldeia, que por integrar ao seu território o novo arraial, passou a ser chamado de São Miguel da Nova Laje, sendo este o quinto distrito da Vila de jaguaripe, localizado nos “fundos das roças de Nazareth”. 


Veja um pouco da história no vídeo abaixo:

Conheça um pouco da história de São Miguel das Matas – Ba

As questões de posse de terras eram freqüentes e ceifou a vida de muitos colonos. As leis eram feitas de acordo com a conveniência e influencia que cada um tinha perante o governador da província, mesmo sobre a égide da “Justiça de Jaguaripe” O representante legal da justiça em São Miguel da Nova Laje, era exercida pelo Juiz de Paz, que era uma figura respeitada e autoridade com prestigio tamanho que as suas correspondências eram entregues diretamente ao Governador da Província, que sempre a respondia com total prontidão. Na inexistência de alguém que residisse no local e atendesse a todos os requisitos exigidos pelo posto, o vigário assumia a tal função. È importante ressaltar que nesse período o vigário, o professor e o juiz de paz eram as pessoas mais respeitadas do lugar.

A região foi primitivamente habitada pelos índios cariris, aldeados na fazenda Arco Verde, uma das principais ainda hoje existente, no atual município. Devido a localização da tribo, eram os indígenas denominados ″índios do arco verde″.
Presume-se que o desaparecimento dos silvícolas tenha ocorrido por volta de 1820.

Os primórdios de São Miguel das Matas datam do século XVIII, quando chegou ao local um senhor de nome Joaquim Tirana, adquirindo uma grande área de mata virgem. Posteriormente, o capitão Manoel dos Santos Ribeiro estabeleceu-se em frente a essa propriedade com um engenho de açúcar e rapadura, desenvolvendo aí a plantação de cana.
Surgiram outros moradores e logo foi construído um pequeno cemitério. O mesmo ocorreu com a capela, que foi inaugurada em 1802, tendo o arcanjo São Miguel como padroeiro.

Aumentou-se o número de edificações, contando-se, a partir daí, com os primeiros estabelecimentos comerciais. Estava definitivamente formada a povoação que, inicialmente, chamou-se São Miguel da Aldeia, pela sua proximidade da aldeia dos ″índios do arco verde″.

Desenvolveram-se também as culturas de mandioca, fumo e café, esta, introduzida e orientada, do plantio à colheita, pelo capelão de nome frei Félix, e que se tornou uma das principais riquezas da região. Depois de ter alterada a denominação para Vila São Miguel, em 1891, passou a denominar-se São Miguel das Matas, em 1948, topônimo justificado por situar-se em região de matas.

Distrito criado com a denominação de São Miguel, pelo alvará de 24-11-1823, subordinado ao município de Santo Antônio de Jesus. Elevado à categoria de vila com a denominação de São Miguel, por ato de 01-06-1891, desmembrado do município de Santo Antônio de Jesus. Sede na antiga povoação de São Miguel. Constituído do distrito sede. Instalada em 08-06-1911.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito sede pelo decreto-lei estadual nº 141, de 31-12-1943, o município de São Miguel, foi extinto, sendo seu território anexado ao município de Santo Antônio de Jesus.

Elevado novamente à categoria de município com a denominação de São Miguel das Matas, pelo decreto estadual nº 12978, de 01-06-1944, desmembrado de Santo Antônio de Jesus. Sede no atual distrito de São Miguel das Matas (ex-São Miguel). Constituído do distrito sede.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído do distrito sede.

Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município permanece constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

São Miguel para São Miguel de Matas, pelo decreto estadual nº 12978, de 01-06-1944.

Os nativos de São Miguel das Matas são chamados miguelenses.

Arquivo Criativa

Em 29 outubro de 1829, o juiz de paz João Fernandes de Castro, filho do Capitão Antonio Fernandes de Castro, trouxe a cópia da Lei da Câmara de Jaguaripe, Vila da qual São Miguel da Nova Laje pertencia como 5º distrito, onde se tratava dos cuidados que os moradores da Vila deveriam ter para com a matas, como descreve o artigo 30 do edital da Câmara Municipal de 09 de outubro de 1829:

Artigo 30.”Fica proibido roçar-se, derrubar-se e queimar-se para plantação matas virgens, ou capoeiras grossas onde tenha qualquer madeira de construção, sem que proceda exame pelo Juiz de Paz e licença da Comarca; pena de 30.000 reis e oito dias de prisão. E para que chegue a noticia de todos o presente se publique e afixe nos lugares de costumes”. 
A colonização da Vila de Jaguaripe aconteceu lentamente partido do litoral para o interior, sempre tomando como base o curso dos rios Jaguaripe e da Dona, seguindo em direção às suas nascentes, por onde chegavam os Jesuítas e os primeiros colonos. Os primeiros Padres Jesuítas iniciaram a catequização dos “índios Sapucaias que se encontravam do lado direito da Serra do ‘Gurirú’ – nome indígena – hoje conhecida como Serra da Jibóia, e das tribos de Pedra Branca” Seguindo os mesmo caminho percorrido pelos os Jesuítas vieram também alguns desbravadores, em busca de pedras preciosas, madeira de lei – atividades desenvolvidas através do escambo com os indígenas – para construção de navios e exportação para a Corte. Estes foram se estabelecendo no local, cultivando a mandioca, que ora já era produto de subsistência dos indígenas, provocando assim a destruição das matas nativas. 

A Vila de Jaguaripe prosperava, criando fama a partir da sua cadeia e da justiça aplicada, onde tinha como máxima “Justiça de Jaguaripe te persiga”. Na Aldeia de São Miguel, os padres Jesuítas “amparavam” os indígenas da escravidão que os Bandeirantes e os Sertanistas aplicavam aos habitantes das aldeias, deslocando-os para longe das rotas dos desbravadores. No ano de 1758, o Marquês de Pombal, autoriza ao Governador Geral do Brasil, a expulsar os Jesuítas. A topografia das Aldeias também contribuía para que os povos indígenas se protegessem dos invasores, que ao perceber a aproximação refugiavam-se nas matas, sobretudo na Mata do Cruzeiro, formando novas aldeias.


Monumento do Cruzeiro:

Arquivo Criativa On Line

Com a expulsão dos Jesuítas da Vila de São Miguel da Aldeia, suas terras foram redistribuídas em formas de sesmarias, através de D. Affonso de Portugal e Castro, em 22 de janeiro de 1780. As terras do padre José Ferreira de San Payo foram divididas entre três sesmeiro: José Felix da Motta, Manoel da Motta de Carvalho e Francisco Gonçalves da Motta, que residiam às margens do rio da Dona. Restando apenas aos herdeiros da família do Padre San Payo, apenas a sede da fazenda, situada, próximo a Cidade de Varzedo, no antigo ponto San Payo da antiga estrada de ferro. 

Outras sesmarias foram doadas a exemplo das terras do padre João Nunes distribuídas aos franciscanos que se instalaram e fundaram São Francisco de Acaju, na sede da sesmaria por volta do ano de 1760. As terras que iam do rio Ribeirão ao rio Corta-mão ficaram com os herdeiros do padre. As terras do Rio Vermelho ficaram com o colono Souza Peixoto e as do Rio Preto, que iam das Matas do Arco-Verde até a sede da sesmaria ( Fazenda Liberdade) e desta até o Cruzeiro, nas cercanias da missão jesuítica abandonada, passaram a pertencer a José Rodrigues da Costa. 

1.2 Aspectos Demográficos

A dinâmica populacional do município de São Miguel das Matas foi influenciada pelos ciclos econômicos registrados na sua história, que criaram novas áreas urbanas e recriaram e/ou desestruturam outras. 

Segundo o último Censo Demográfico de 2010, (IBGE) a população do município de São Miguel das Matas era de 10.414 habitantes, dos quais 30% residindo na área urbana. Com uma extensão territorial de 230,8 km², o município apresentava no mesmo ano, uma densidade demográfica em torno de 48,57 hab/km². Para o ano de 2018, o IBGE estimou uma população em torno de 11.645 hab.

Tendo por base a tabela Nº. 01 verifica-se que entre os anos de 1970 e 1991, a população de São Miguel das Matas sofreu uma redução de 10,8%. Observa-se também que o município segue a tendência nacional do crescimento da taxa de urbanização, enquanto em 1970 a taxa de urbanização era de 12,6% do total dos habitantes, em 1991 aumenta para 21,9%, chegando-se, porém, registrar em 2000, uma taxa de urbanização em torno de 23,9%.

É importante ressaltar que no município de São Miguel das Matas, a maior concentração da população ainda se encontra na zona rural, o que leva a entender que a agricultura, ainda, tem sustentado as populações no campo. Por outro lado, pode-se levar em consideração que a falta de perspectiva de emprego e renda tem contribuído para a estagnação do crescimento populacional, fazendo com que o êxodo juvenil seja muito grande. Os jovens deixam à cidade em busca de centros maiores na esperança de emprego. Muitos deles sem concluir o Ensino Fundamental.

Dentre várias culturas de cultivo, estão a mandioca, o cacau, a banana, laranja e cajú.

Quanto à sua distribuição etária, a população do município de São Miguel das Matas vem apresentando algumas mudanças. Quanto ao gênero, pode-se observar um equilíbrio entre as populações masculina e feminina, o Censo de 2010 revelou que as mulheres são maioria.

Em 2010, o IDH-M passou para 0,593 , e isso representa, segundo a classificação do PNUD, que o município está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8).

1.3 Aspectos Econômicos

O mundo rural de São Miguel das Matas até a década de 1960 estava voltado para a agricultura de subsistência. O que se plantava era para satisfazer às necessidades de alimentação, pois, “o reduzido relacionamento com realidades culturais distintas não aguçava o desejo por mercadorias outras que não se destinassem à alimentação, elemento característico de sociedades pouco monetarizadas”, com exceção da “farinha de mandioca destinada à Praça de salvador”.

Alimento como banana, cana-de-açúcar, jaca, dentre outros, geralmente não eram vendidos pelos agricultores miguelenses, apenas o fumo, o café, a laranja e a mandioca eram comercializados pelos lavradores, que vendiam nos armazéns da própria cidade ou levavam para Santo Antonio de Jesus e Nazaré. 

O trabalho agrícola na região é marcado pela presença de pequenos proprietários, meeiros e arrendeiros, sendo que grande maioria deles cultivam a mandioca, pois esta permite aos lavradores “satisfazer uma parte significativa das próprias necessidade de subsistência, e ao mesmo tempo comercializar grandes excedentes de farinha” 

A mandioca tornou-se a principal cultura de subsistência do município, e sua forma de cultivo é, até os dias atuais, de grande poder degradante, pois se procedeu à derrubada da mata atlântica nativa, sobretudo, em áreas de encostas com grau de declividade bastante acentuado sem serem tomadas medidas conservacionistas para a contenção dos processos erosivos pela água e pelo vento, e em corpos de solos aluviais de planícies fluviais, o que acarretou a intensificação dos processos erosivos sobre solos Latossolos que sem a devida cobertura vegetal sofre rápida lixiviação e diminuição da fertilidade, tornando-se ácido para as exigências agronômicas das diversas variedades de mandioca cultivadas. 

Ao lado da cultura da mandioca, sendo um grande exportador de farinha no país, também se cultiva o cacau, figurando-se na zona cacaueira, ainda laranja, castanha de caju, banana, maracujá, além da pecuária extensiva principalmente para o gado de corte. Ressalta-se, portanto, os derivados da mandioca como o beiju e tapioca.

É válido ressaltar que o principal produto cultiva das lavouras permanentes no município até 1970 era o café, que cobria uma área de 261 hectares. Porém, cinco anos depois passou a ser a laranja com uma área de 253 hectares e o café com 166 hectares, ocupando o terceiro lugar, pois a banana já ocupava o segundo.

Em 1980 ocorreu uma nova mudança, pois, apesar do aumento da área da laranja, a banana passou a ocupar o primeiro lugar com uma área de 623 hectares, o café permaneceu em terceiro. Essas mudanças são mais profundas em 1985, quando surge em primeiro lugar o cacau, com uma área de 411 hectares, seguida pela laranja e bananeira. Desse modo, aumento do cultivo da banana em 1980 está intimamente ligado ao cultivo do cacau, pois este depende de muita sobra e terra úmida.

O município possui um grande potencial para a agricultura, produzindo diversas culturas, dentre elas com maior destaque a mandioca e seus derivados que teve uma área de produção aumentada de 2.206 em 1985 para 7.650 hectares em 2004, seguida do cacau com uma queda de 81 hectares levando em consideração ao ano de 1985. Talvez, fruto da vassoura de bruxa, que nas últimas décadas tem destruído a produção cacaueira da região. Convém ressaltar que nos últimos anos a política do Governo Federal para o trabalhador rural tem motivado a agricultura, através dos financiamentos de projetos, os quais as Associações Rurais tem grande parceria na busca dos recursos, principalmente, para o plantio de banana e mandioca.

Observa-se também, que a cultura da cana-de-açúcar, nunca desapareceu do cenário agrícola do município, produzindo em 2004, 12.600 toneladas. O município possui também uma grande vocação para a cultura de citrus, tendo destaque para a produção de laranjas ocupando o 3º lugar das culturas do município, além da produção de tangerina e limão.

É importante levar em consideração que o município tem um grande potencial para a agropecuária, o que se remetem grandes investimentos para assegurar o homem no campo. Neste sentido, o município deve assegurar políticas públicas de incentivo aos agricultores, visando uma maior produtividade e criação de novo campos de produção agropecuários.

Por ser o município um grande produtor de mandioca, possui dentre outras a Fábrica de Farinha São Miguel e Arco-Verde, a maior empresa que existe na região, no ramo do beneficiamento da farinha, totalmente moderna; vendendo seu produto para algumas regiões do Brasil e exterior através de de redes de supermercado.

Embora ainda a população busque maiores e melhores opções de compras no município de Santo Antonio de Jesus a 42 km seguindo via BA 026, muitos produtos são encontrados no comércio local, sendo um local de grandes empresas da região.

Vários estabelecimentos comerciais existem, como sapatarias, lojas de roupas, lojas de móveis, eletrodomésticos e estofados, materiais de construção, padarias, supermercados, variedades, moto e auto-peças, oficinas, óticas, produtos agrícolas e animal, salões de beleza, papelarias, armarinho, de celulares, bordados, bares, lanchonetes, pizzarias, restaurantes, docerias, acessória contábil, e muito mais.


Abaixo, um pouco da história de São Miguel das Matas em Vídeo:


1.4 Aspectos Sócios-Culturais

O patrimônio histórico do município de São Miguel das Matas além de não ser preservado, torna-se desconhecido pela população local. 

Contudo, embora seja pouco divulgado, o município possui um monumento indígena, localizado entre os municípios de São Miguel e Elísio Medrado. A Esfinge da Cachoeira do Rio Vermelho, descoberta em 31 de dezembro de1983, que tem a forma de um javali, medindo cerca de 5 metros de comprimento por 2 metros altura e 5 metros de largura, agachada nas margens do Rio Vermelho, como se estivesse a beber água. Monumento com forma bem rústica em granito cinza, construído com várias pedras superpostas, e tão perfeitamente encaixadas que, à primeira vista, dão a impressão de se tratar de um único bloco, sendo herança da civilização Tupinambá. Como descreve a arqueóloga Maria Beltrão:
A obra perfeita de engenharia foi constituída de tal forma que, em cada emenda das diversas pedras na parte superior do dorso da escultura do animal, tem uma leve depressão em forma de pequenas calhas, que permite a água da chuva correr óxido de ferro da própria pedra e a sílica, cimentando as emendas das pecas de granito, inteligentemente cortadas com arestas bem definidas e encaixadas tão precisamente uma nas outra, como um quebra-cabeça e, com o artifício engenhoso da cimentação ao longo dos anos, consolidando a cada dia aquela escultura monumental, única no Brasil até a presente data. Ali plantada como testemunha da cultura dos nossos antepassados, a espera de uma melhor definição científica como a ponta de um iceberg” (Maria Beltrão, in VILAS BOAS, I.)

Um outro marco histórico do município é um cruzeiro edificado na serra do mesmo nome, ponto mais alto da cidade, que propicia uma bela vista de toda a região. No entanto, não se sabe ao certo a origem e a história desse monumento . 

Quanto ao processo de urbanização não houve um planejamento, sendo visível o desordenamento nas construções. A cidade que se localiza no altiplano sul da serra da Jibóia, apresenta dois planos: o baixo, que foi formado pelas casas que margeavam a antiga linha férrea, local das primeiras habitações que deram origem à cidade e que é habitado pelas pessoas de baixo poder aquisitivo, e ao alto, o centro comercial e as residências de moradores com um poder de renda mais elevado. 

A cidade possui infra-estrutura com ruas pavimentadas com paralelepípedos, coleta de lixo regular (não seletiva e sem um aterro sanitário), assistência médica através de uma Clínica particular dotada de um laboratório que presta atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), além de um posto médico na cidade e outros na zona rural.

Sua riqueza histórica é representada no campo arquitetônico por alguns casarões de estilo colonial do século XVIII, tendo maior relevância, o que fica situado na localidade do Arco verde. Todos os demais casarões antigos sofreram reformas ou foram demolidos para dar lugar a casas com fachadas mais modernas. O padrão de construção não é muito diferente do das demais cidades interioranas da região.

Na área de cultura e lazer, o município possui um Clube Social, com uma área de mais de 500 m² localizado no centro da cidade, construído no meado da década de 80. Dotado de infra-estrutura de primeira, espaço coberto na parte interna utilizado como espaço, das principais festas da cidade, comportando cerca de 7.000 pessoas na área externa, sendo sua capacidade interna de 1.000.

O Estádio Municipal possui uma área de mais de 300 m², tendo capacidade em sua arquibancada para mais de mil torcedores sentados. As outras dependências do estádio são: Vestiários, com banheiros e duas Cabines de Rádio.

Outros espaços disponíveis a Cultura e o Lazer no município são: A praça Zeferino Bernardes, o Salão Paroquial antiga Congregação Mariana e o Centro Catequético, que funciona na antiga instalação do Ginásio Oito de Dezembro, construído na década de 50 pela comunidade católica local, tendo como o pároco na época o Monsenhor Gilberto Vaz Sampaio. O Salão Paroquial tem estrutura de um Anfiteatro, cujo piso declinado possibilita uma excelente visão do palco. Com capacidade para cerca de 500 pessoas sentadas, já fora usado para apresentações diversas, sejam das escolas do município como também da própria igreja católica local e de outras paróquias da diocese. O e melhor estrutura para a comunidade, porém, carecendo ser mais aproveitado para atividades sócio-culturais, como, por exemplo, aulas de teatro, danças, festivais, etc. O referido salão é utilizado apenas para reuniões ou apresentações da igreja católica e da comunidade, como por exemplo, às colações de gruas dos formando do município.

O Ginásio Oito de Dezembro, hoje Centro Catequético, tendo uma de suas salas destinadas para o Velório Paroquial. O centro catequético recebeu uma reforma geral, conservando as estruturas iniciais, atualmente tem sido utilizado para dar aulas de catequese e para realizações das reuniões da Igreja Católica, sedo este um ótimo espaço para oficinas de arte, música, teatro, pinturas, artesanatos, dentre outras. 

O sistema de abastecimento e tratamento de água, explorado pela EMBASA, é bastante precário, não atinge toda a população urbana e deixa os moradores sem água por vários dias durante o verão. Recentemente foi assinado um contrato entre a Prefeitura Municipal e a empresa de abastecimento de água e saneamento da Bahia.

O município de São Miguel das Matas possui um grande calendário de festas religiosas e populares, destacando a Festa do Padroeiro São Miguel Arcanjo, no mês de setembro e o São João, que acontece com uma extensa programação, no mês de junho.

O Festival de Quadrilhas organizado por entidades e escolas abre oficialmente os festejos juninos, com apresentações de quadrilhas das Escolas e Associações Rurais, sendo uma forma de manter viva a chama da tradição nordestina.

No que se refere ao Carnaval, mantém-se a tradição de mais 80 anos com desfile de blocos de marchinhas e do mascarados com Bandas ao vivo na Praça Maria Madalena.

Uma outra tradição no município são as Cavalgadas que acontece durante todo o ano, com destaque o Grupo Amigos, que reúne Cavaleiros de toda a região São Miguel das Matas, com destino a Milagres, no mês de maio.

No calendário religioso Católico, destaca-se a festa Dia de São Roque, em 16 de agosto e a festa de São Miguel Arcanjo, em 29 de setembro, ambas as datas, feriado municipal. A Festa de São Roque vem sendo celebrada pela população desde a implantação da Capela no ano de 1.802. Os fiéis celebram a novena que antecede a grande festa, e acompanham todo o percurso da Procissão descalços percorrendo as principais ruas da cidade, um culto antigo, uma vez que, São Roque é o Santo das enfermidades. No dia da Festa de São Roque são distribuídos pãezinhos bentos os quais são colocados dentro das farinheiras, como o intuito de não faltar o alimento necessário à sobrevivência. 


Igreja Matriz – Imagem atual

Arquivo Criativa

A Festa do padroeiro do município, São Miguel Arcanjo, também antecedida de um novenário, onde participam párocos convidados das Paróquias da Diocese de Amargosa que concelebram com o vigário local, sendo o dia da festa celebrada pelo Bispo Diocesano, padres, diáconos, religiosos e demais convidados. Vale ressaltar que a celebração do Padroeiro São Miguel Arcanjo difere-se da festa de São Roque recebendo um maior investimento da Paróquia, principalmente na estrutura da festa.

Destaca-se também no município as religiões evangélicas Assembléia de Deus, Adventista do Sétimo Dia, Batista Nacional, Cristã do Brasil, Mundial do Poder de Deus, Arca do Poder de Deus, Universal, dentre outras, que realizam todos os anos o “Dia do Evangélico”. Ainda existe o Salão do Reino das Testemunhas de Jeová. Todas estas com seus calendários específicos de festas e celebrações.

O município conta ainda com as religiões afro-brasileiras, com destaque para o Candomblé, tendo com referência o Terreiro de Oxossi do Babalorixa Pai Ruberval, na área urbana, dentre outros localizados a área rural do município.


Veja a lista de todos os prefeitos de São Miguel das Matas, desde a emancipação…


Mais informações no Informativo histórico realizado pelo professor Ivan Silva:

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2 Comentários

  1. Minha família é de São Miguel das Matas, estou conhecendo um pouco mais da historio, atualmente acredito que todos já tenham saído da cidade. E quero saber se consigo mais informações sobre eles. Vocês podem me ajudar?

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