Bahia

Bahia encerra com seminário de fitoterápicos e sucesso de participação

Quem já utilizou carqueja, romã, alecrim, poejo, erva-cidreira ou mastruz como fitoterápico? Essas foram algumas das plantas apresentadas durante o Seminário de Fitoterápicos: Valorização dos Saberes e Fazeres Terapêuticos Quilombolas, nesta sexta-feira (31). O evento, que marca o encerramento da Mostra Interterritorial Científica e Tecnológica da Bahia: Tecnologia, Inovação e Vivências no Rural, foi transmitido pelo Canal do Instituto Anísio Teixeira, no Youtube, e integra a programação da 16ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, com o tema Bioeconomia – Diversidade e Riqueza para o Desenvolvimento Sustentável. 

José Tosato, coordenador de Pesquisa, Inovação e Extensão Tecnológica (Cepex), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), ao fazer um breve balanço sobre a Mostra, destacou que o evento trouxe a abordagem territorial identitária, com uma proposta de diálogo entre as diferentes ciências e saberes, do conhecimento tradicional e experimental ao denominado técnico-científico. Ele salientou que todas as mesas foram concebidas com os princípios de equidade de gênero e étnico racial.  

“A produção coletiva do conhecimento foi o principal produto dessa mostra, seja nas mesas redondas, nas exposições fotográficas, na apresentação dos videopôsteres e nas manifestações artísticas. Não há dúvida de que a mostra atingiu integralmente seus objetivos. Proporcionou diálogo entre academia e comunidades; aproximou pesquisadores de diferentes instituições; contribuiu para aprimorar as relações entre órgãos governamentais, instituições de ensino e comunidades, destacando a forte presença de estudantes de ensino médio e superior e de lideranças de movimentos sociais como dos quilombolas, sem-terra, povos de terreiro e agricultores familiares. Também foi notável a presença de prefeituras municipais”, comemorou Tosato.  

Com aproximadamente 10 mil visualizações no YouTube, 10 Mesas Redondas, cerca de 40 palestrantes, a Mostra trouxe para o debate os temas que envolvem conceitos como os de Sustentabilidade, Bioeconomia, Agroecologia, Educação no Campo e Segurança Alimentar. Quem não acompanhou as transmissões ao vivo, ou desejam rever o conteúdo, pode acessar o site: http://mostrainterterritorial.unilab.edu.br/. No site estão disponíveis também 46 videopôsteres e 66 fotografias de turismo de base comunitária. 

Seminário de Fitoterápicos: Valorização dos Saberes Terapêuticos Quilombolas 

O Seminário foi realizado com o objetivo de sensibilizar os estudantes do ensino superior a respeito das plantas medicinais e fitoterápicos na saúde pública do Estado da Bahia; apresentar a utilização de plantas alimentícias não convencionais (PANC); revelar a interdisciplinaridade entre o saber popular e a Ciência no uso de fitoterápicos; e apresentar resultados de pesquisas e experimentos no uso de plantas medicinais, fitoterápicas na Bahia. 

A farmacêutica Mayara de Queiroz, da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (Sesab), que apresentou comprovações do uso de fitoterápicos na saúde humana e plantas medicinais cultivadas no Recôncavo, alertou para os cuidados que se deve ter com os nomes populares das plantas, em diferentes localidades, para que sejam utilizadas corretamente, lembrando que, na dúvida, deve-se consultar um especialista ou alguma pessoa que conheça, para não correr o risco de prejudicar a saúde: “Temos que usar a planta que a gente realmente conheça, porque, às vezes, o nome popular aqui em Salvador é um, no interior é outro. Dentro do próprio estado da Bahia encontramos plantas com nomes populares diferentes”. 

Rubens Celestino, representando a Associação de Moradores do Quilombo Monte Recôncavo, reforçou a importância do processo educacional no reconhecimento e na valorização da tradição identitária, que inclui o uso das plantas e ervas, inclusive neste contexto atual: “Que a gente consiga construir um processo de reeducação da relação com a natureza, como um todo e, principalmente, neste momento de pandemia, que eu acredito, enquanto homem de Terreiro, que na verdade é uma oportunidade que a natureza está nos dando, de nova relação com o outro, com o meio ambiente, com a água, a folha. Que esse evento não fique aqui, mas que reverbere em outros espaços”. 

A programação do Seminário, mediado por Helca Lícia, da Cepex/SDR, e pela professora Carla Craice, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Brasileira (Unilab), contou com a participação de Ananias Viana, do Centro Cultural do Vale do Iguape (CECVI); a abordagem sobre valorização dos saberes e fazeres terapêuticos quilombolas, pela professora do Instituto Federal Baiano (IFBaiano), Elen Rosa, e a apresentação do extensionista Jorge Silveira, da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) sobre a importância do uso de fitoterápicos, com demonstrações de espécies e variedades fitoterápicas. 

O seminário teve ainda a realização de Rodas de Conversas nas comunidades quilombolas Kaonge e Monte Recôncavo e a apresentação do livro: Fazeres e Saberes Terapêuticos Quilombolas, Cachoeira, Bahia, organizado pelo Grupo de Pesquisa ObservaBaía, que reúne professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). 

A Mostra 

A iniciativa é da Rede de Pesquisa, Ensino e Extensão em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável, por meio da Cepex, Bahiater e Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), unidades da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR); secretarias de Educação (SEC) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), com recursos do CNPQ. O evento teve como instituição proponente a Unilab, por meio do grupo de pesquisa Processos Sociais, Memórias e Narrativas Brasil/África (Nyemba) e contou ainda com a parceria da UFRB, do IFBaiano, e CECVI.

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