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Arquitetura acessível está além de replicar ambientes luxuosos com pouca renda

Criativo, sustentável e inclusivo, novo modelo para projetos arquitetônicos muda realidade de diversas famílias.

Arquitetar o ‘lar dos sonhos’ é uma realidade que parecia estar se aproximando dos brasileiros. Segundo projeções para 2022 na pré-pandemia — baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) — a classe média ascenderia para 57% da população, enquanto as classes mais baixas (vulneráveis, pobreza e extrema pobreza) reduziriam de 28% para 14%.

Entretanto, a crise do novo coronavírus decretou uma desaceleração nesse processo. Como consequência, o desemprego em todas as regiões do Brasil disparou — segundo avaliação do primeiro trimestre de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — e muitas classes viram a ascensão econômica, que ajudaria no financiamento da reforma dos lares, ser adiada pela crise mundial.

Com o intuito de auxiliar quem deseja reformar as casas, o arquiteto Márcio Barreto apresenta um conceito ainda pouco explorado no mercado: a arquitetura acessível.

Segundo o profissional, ao pesquisar “arquitetura acessível” nas páginas do Google, os resultados mostram projetos voltados à ‘acessibilidade’ — espaços que possibilitem o deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida — , porém, a termologia pode ter outro significado: arquitetura destinada à famílias que não tiveram a oportunidade de serem auxiliados por profissionais na composição e estruturação dos seus espaços.

“Se engana também quem considera exclusivamente a arquitetura acessível como contratar um profissional ou escritório com valores mais baratos. Esse modelo traz um estilo próprio muito bonito, agradável e que requer muita criatividade dos profissionais. Dar novos usos aos materiais e móveis já existentes acredito que seja a ‘máxima’ desse gênero”, explica.

Para exemplificar a ‘arquitetura acessível’ na prática, Márcio elenca: reaproveitamento de pisos quebrados na confecção de mosaicos; corte de revestimentos em tamanhos pequenos (10×10 ou 20×20) para fazer colcha de retalhos; reutilizar estantes metálicas e personaliza-las, transformando em um espaço home office multiuso; fazer cubas esculpidas ou acabamentos foscos em bancadas de granito baratas dos sanitários; entre outros.

“No final das contas, fugindo das soluções tradicionais, seu espaço demonstrará muita personalidade, tudo isso com custo mais acessível”, revela.

A frente da Arquitetura do Barreto, Márcio lembra que passou a idealizar projetos acessíveis em seu escritório, com o desejo de oferecer serviços mais conscientes e inclusivos. A princípio, o profissional conta que começou a divulgar nas redes sociais as plantas modificadas de espaços aparentemente sem soluções estéticas. Chamando atenção dos moradores de vários bairros em Salvador, o quadro “Antes & Depois” tornou-se o ‘queridinho’ entre seus seguidores, visto que os clientes conseguem visualizar os lares de maneira diferente, criativa e com menor investimento.

“As primeiras palavras que me vem à mente são: qualidade de vida e ‘casaestima’, uma versão de autoestima”, brinca o arquiteto, que em seguida declara “é muito gratificante ver a alegria estampada no rosto das pessoas que colocam como prioridade ou objetivo ter seus espaços mais aconchegantes e belos. Elas passam a querer viver mais a casa, aproveitar seu espaço, pois se sentem bem lá dentro. Dado o pontapé inicial em um ambiente, dificilmente param nele, à medida que vão finalizando cada cômodo já se planejam para fazerem os próximos”, conclui.

Para mais dicas sobre decoração, acesse o site arquiteturadobarreto.com, ou a página do Instagram @arquiteturadobarreto.

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