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Especialista diz que abertura anormal da uretra no pênis requer correção cirúrgica

Assim que o pequeno Davi Souza nasceu, o obstetra chamou seu pai em um canto da sala de parto para mostrar que havia algo errado com o “pintinho” do bebê. A anomalia congênita, caracterizada pela abertura anormal da uretra no pênis – ao invés de na ponta, tem um nome tão estranho quanto seu aspecto no corpo do menino: hipospádia. Com incidência de um para cada 1.200 bebês do sexo masculino, a doença provoca a saída de xixi pelo local errado, já que a uretra é o canal por onde a urina é eliminada do corpo. O problema tem cura e o tratamento cirúrgico deve ser feito nos dois primeiros anos de vida do bebê.

De acordo com a empresária Débora Carneiro de Melo, mãe de Davi, embora seu filho não sentisse dor, ela se preocupava com a aparência estranha do membro do filho porque sabia que, se não fosse tratado, o problema poderia gerar consequências danosas no futuro. “A cirurgia foi relativamente demorada e a recuperação não foi tão simples quanto poderia ter sido porque Davi teve reação aos antibióticos. Depois da operação, eu precisava fazer curativos frequentes para não deixar infeccionar. Toda a preocupação passou e hoje, graças a Deus, meu filho está ótimo e fazendo xixi normalmente”, comemorou.

Segundo o urologista pediátrico Leonardo Calazans, os sintomas da hipospádia variam de acordo com o tipo de defeito apresentado pelo menino, mas normalmente incluem excesso de pele na região do prepúcio (ponta do pênis) e ausência de abertura da uretra na cabeça do órgão. Além disso, “o genital, quando ereto,  apresenta a forma de anzol, enquanto a urina não sai para a frente, como deveria, obrigando o menino a urinar sentado”, destacou o especialista. 

Na presença desses sintomas, é recomendado consultar o pediatra para fazer o diagnóstico do problema e iniciar o tratamento adequado. “Porém, o mais comum é que a hipospádia seja identificada ainda na maternidade, nas primeiras horas após o nascimento, quando o médico faz a avaliação física”, contou Leonardo Calazans, que é diretor do núcleo de urologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR) e preceptor de urologia das Obras Sociais Irmã Dulce (Salvador) e do Hospital Estadual da Criança (Feira de Santana). 

A única forma de tratar a hipospádia é por meio de uma cirurgia para corrigir a abertura da uretra. Idealmente, o procedimento deve ser realizado entre os seis meses e os dois anos de idade da criança. Deve-se evitar fazer circuncisão antes da cirurgia, uma vez que pode ser preciso utilizar a pele do prepúcio para fazer a reconstrução do pênis do bebê. Durante a cirurgia, a abertura errada da uretra é fechada e uma nova saída é feita na ponta do pênis, melhorando a estética do genital e permitindo uma função sexual normal no futuro. Após a cirurgia, a criança fica internada entre dois a três dias. No entanto, durante as três semanas seguintes, os pais devem ficar atentos ao aparecimento de sinais de infecção no local da cirurgia, tais como inchaço, vermelhidão ou dor intensa. 

A hipospádia é classificada em quatro tipos principais, conforme a localização da abertura da uretra. Ela é distal, quando a abertura da uretra localiza-se em algum lugar perto da cabeça do pênis; peniana, quando a abertura aparece ao longo do corpo do pênis; proximal, no caso da abertura da uretra localizada na região próxima do escroto; e perineal, o tipo mais raro, em que a abertura da uretra localiza-se perto do ânus. “Quando perineal, a  hipospádia prejudica o desenvolvimento do pênis. E, quando a abertura da uretra se dá por cima do pênis, a má-formação é conhecida como epispádia”, complementou o urologista.

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